sábado, 25 de julho de 2015

A cultura do descartável

                                             

         Papa Francisco, no livro Igreja da Misericórdia e em alguns trechos da Encíclica Laudato Si, utilizou a expressão ‘’cultura do descartável’’ para nos alertar sobre alguns comportamentos que têm feito parte da sociedade moderna, no que concerne a diferentes aspectos, tais como a ecologia e as relações humanas, sejam elas quais forem. De fato, a respeito do último fator,  é fácil presenciar pessoas ‘’descartando’’ pessoas, quando não há mais uma suposta ‘’utilidade.’’ Percebe-se isso quando alguém não é mais útil no trabalho, num negócio, numa troca de favores e, infelizmente, numa relação afetiva. Esta tende a ser facilmente massacrada pelas imposições da mídia, devido ao culto exacerbado do corpo e dos possíveis prazeres que este pode oferecer. Não se escolhe mais um(a) parceiro(a) pelo olhar, pelo conteúdo, pela inteligência, pelo sorriso e pelas boas qualidades. Não. Escolhe-se a pessoa pela qual –supostamente- passar-se-á o resto da vida fazendo uma análise do corpo físico. O que for mais ‘’sarado’’ serve.
         Ora, sem hipocrisias, obviamente a atração física é importante. Mas ela não pode sobrepor à atração das almas. Quando esta ocorre, automaticamente cria-se um encantamento que une dois seres que se atraem, percebem-se lindos, porque são filhos de Deus. E, todos nós, filhos de Deus, somos lindos, cada qual com suas diferenças físicas.      
         A atração das almas impede que olhemos somente o exterior, tão cultuado pela mídia, pelas novelas, pelos programas televisivos. A mesma mídia que ensina nossas crianças e adolescentes que bonita é a moça de glúteos fartos e atraente é o rapaz com barriga escultural. A mesma mídia que tem nos imposto que o legal é descartar, que tem repetido –direta ou indiretamente- nas nossas mentes alguns questionamentos: se a namorada engordou, se o marido está ficando calvo, por que, afinal, tenho que continuar com ela? Por que tenho que continuar com ele?      
         Sempre sábio esse Papa. Infelizmente, é o que tem acontecido. E nós temos achado bonito cultuar o que é exteriormente belo. Que possamos parar para refletir que todos somos belos, somos lindos, não importa se baixos ou altos, magros ou gordos, negros ou brancos. Que nossos corpos são templos do Espírito Santo e devem ser amados por nós e por outros. Que saibamos descartar apenas as ideias abusivas sobre corpos perfeitos e padrões a serem seguidos e não mais as pessoas, porque as pessoas foram criadas por Deus para serem amadas, à Sua imagem e semelhança, e não para serem tratadas como um objeto, que eu uso agora e descarto pois já não me serve mais. Que os solteiros saibam esperar com fé e alegria aquele(a) que irá amá-lo(a) para sempre, sem descartes. E que os que já possuem alguém, saibam amar ainda mais, buscando beleza nessa pessoa, mesmo que os anos passem, mesmo que a barriga cresça, mesmo que o cabelo perca a cor. Afinal de contas, o amor é muito mais que isso tudo.   
          

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