quinta-feira, 2 de julho de 2015

De joelhos


Quero escrever sobre mim. Mas para você. Sobre nós. Sobre a beleza de ser mulher. Sobre a grandeza de ser homem.

"Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou." (Gên 1, 27). Segundo São João Paulo II em sua carta apostólica 'Mulieris dignitatem', a criação do homem é o ápice de toda a ordem criada, coroa toda a obra da criação. No inicio, vendo que não era bom que o homem estivesse só, Deus o concedeu uma auxiliar: a mulher, chamada desse modo à existência, é imediatamente reconhecida pelo homem "como carne da sua carne e osso dos seus ossos" (Gên 2, 23).

Desde o início aparecem como unidade, isto significa a superação da solidão originária, companheira da vida, com a qual o homem pode unir-se como a uma esposa, tornando-se com ela "uma só carne" e abandonando por isso seu pai e sua mãe. Juntos, homem e mulher confirmam o sentido integral da própria humanidade.

Compreende que somos sagrados? Que a mulher é um tesouro dado ao homem para ser cuidada?  E que a mulher é auxiliar não apenas no campo físico, mas para fazer dele melhor, para ajudá-lo a se compreender e construir. Mulher é mistério a ser revelado, por causa da sua grandeza, não é fácil de ser revelado, mas merece ser buscado. Somos chamadas ao mistério e não a exposição. É preciso assumir esse papel, assumir tua feminilidade, tua sensibilidade, se permitir ao cuidado. E cuidar para ser instrumento de santidade aos homens.

Ao homem foi entregue o mundo para que cuidasse e a mulher para que conduzisse. Vocês homens tem a grande missão de fazer com que aqueles que o Senhor os destinou cheguem até Ele. Foram feitos para a luta, Deus os concedeu coragem e força. Atualmente, é exigido de vocês a coragem para vencer a atual crise da masculinidade, é necessário reassumir o papel de condutores dos que o cercam ao céu. É preciso reorientar-se para ver a mulher como teu presente, como teu sagrado, imagem e semelhança de Deus.

Vivo um momento mágico na minha vida: vou me casar! Em menos de 18 meses a promessa de Deus de viver o céu na terra se fará na minha vida, meu namoro se tornará sacramento... E como toda mulher, essa é uma fase de ansiedade e preparativos, mas de uma beleza imensurável!

Sou do tipo que gosta de saber o 'por que' de tudo. Por que noiva usa branco? Por que tem festa? Por que tem que ser de salto? Por que? E no meio desses tantos, me perguntei: por que o pedido de noivado é feito de joelhos? Achei que não haveria resposta, que a explicação era simples... Eis que me deparei com uma reflexão bonita e profunda... Que me recordou do livro do Gênesis...

Fazemos genuflexão na Igreja, e em frente de reis e rainhas, mas por que um homem faz o mesmo gesto diante da mulher a quem ama?  E por que mantemos essa tradição?

Descobri que a origem dessa tradição é incerta, mas já se faz há séculos. Nós fazemos a genuflexão, colocando um joelho no chão, como sinal de respeito pelo tabernáculo onde está a Eucaristia. Os cavaleiros se ajoelham diante do rei quando vão receber alguma homenagem, e quando se apresentam demonstrando respeito e honra à realeza. Na guerra, o exército vencido se ajoelha diante do exército vencedor da batalha em sinal de rendição.

Respeito. Honra. Rendição. Submissão. Essas são as razões pelas quais o homem se ajoelha ao pedir em casamento. Em sinal de respeito, o homem se curva em um ato de humildade diante da mulher com quem deseja passar a vida toda...

Mais ainda! Há ainda outro significado! Quando está ajoelhado, o homem está na altura do ventre da mulher, onde está o santuário da vida! Ele está honrando o corpo dela, e honrando a criação de Deus, que merece ser venerada. O homem está se rendendo e comprometendo o resto de sua vida a amar sua esposa. Ele está entregando sua solteirice e entrando na paternidade ao se comprometer na criação dos filhos com ela, e em permanecer fiel a ela em todas as coisas.


Em breve eu ficarei noiva! E cada vez que compreendendo o tesouro que Deus nos deixou, na relação homem e mulher, em cada pedacinho, em cada gesto. Quanto mais vou descobrindo o divino dessa relação, eu sou capaz de amar mais e melhor. E no instante que o meu namorado repetir esse gesto, mais do que a emoção de me tornar noiva dele, eu vou me recordar do sagrado que vivemos, quando com um joelho no chão, ele faz dom de si para mim.

"Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne." (Gên 2,24)

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