Já dissertamos por aqui, no
post Que tal um desafio?, sobre o sentido da castidade em
seu amplo sentido. Hoje queremos falar de castidade no Matrimônio...
A castidade é o chamado para
todo cristão, segundo seu estado de vida. No Matrimônio, a vivência conjugal
reflete a vontade de Deus para dois fins: a procriação e o bem dos cônjuges.
Desta forma, a virtude da castidade, que é fruto da presença do Espírito Santo
na vida, conduzirá o casal a bem viver um para o outro, na doação e entrega
total ao amor celebrado no altar. A fidelidade, o uso correto da sexualidade e
o zelo, sabendo respeitar um ao outro são alguns efeitos que a castidade produz
na vida a dois.
Como não recordar então as
palavras fortes e claras do Arcanjo Rafael a Tobias, antes de este desposar
Sara?
'O anjo respondeu-lhe: Ouve-me,
e eu te mostrarei sobre quem o demônio tem poder: são os que se casam, banindo
Deus de seu coração e de seu pensamento, e se entregam à sua paixão como o
cavalo e o burro, que não têm entendimento: sobre estes o demônio tem poder.'
[Tobias 6, 16-17]
Ou seja, não há amor verdadeiro
e feliz na vida matrimonial se não se vive a castidade, que respeita o mistério
da sexualidade e o faz convergir para a fecundidade e a entrega. Não há amor se
não há Deus como centro dessa relação. Não há amor se não continuarmos a
dominar nossas paixões. A castidade vivida a duras batalhas na vida de namorados segue conosco nessa nova fase! Ela é imprescindível para bem viver o tempo
que virá. Mas agora muda a maneira de vivê-la...
Afirma
o Catecismo (2367-68): 'A fidelidade exprime a constância em manter a
palavra dada. Deus é fiel. O sacramento do Matrimônio faz o homem e a mulher
entrarem na fidelidade de Cristo à sua Igreja. Pela castidade conjugal, eles
testemunham este mistério perante o mundo. Um aspecto particular desta
responsabilidade diz respeito à regulação da procriação.
Por razões justas, os esposos podem querer espaçar os nascimentos de seus
filhos. Cabe-lhes verificar que seu desejo não provém do egoísmo, mas está de
acordo com a justa generosidade de uma paternidade responsável. Além disso,
regularão seu comportamento segundo os critérios objetivos da moral.'
No altar,
direi: 'E te prometo ser fiel...', promessa feita diante dos amigos, do padre,
mas no altar e na presença dEle. Me comprometo a separar tudo que sou para doar
ao meu noivo, é reservar o que tenho de mais precioso aquele que se mostrou
digno de tal entrega. A castidade é fruto do doar-se. Ela nos conduz a
fidelidade, quando nos ensina o domínio dos sentidos e o domínio do coração. A
exclusividade não pode ser um peso. Ela é resultado de ter encontrado alguém
tão especial para dividir a vida. E para ser verdadeira deve nascer no interior
e governar cada pensamento, cada sentimento da pessoa. A verdadeira fidelidade
é um voto feito a Deus, uma consagração da sexualidade.
Em sua
exortação apostólica 'Familiaris Consortio', São João Paulo II afirmou a totalidade
da doação mútua que deve ter o casal: 'esta totalidade, pedida pelo amor
conjugal, corresponde também às exigências de uma fecundidade responsável, que,
orientada como está para a geração de um ser humano, supera, por sua própria
natureza, a ordem puramente biológica, e abarca um conjunto de valores
pessoais, para cujo crescimento harmonioso é necessário o estável e concorde
contributo dos pais. Assim sendo, todo ato que vise por vias artificiais
impedir o fim procriativo do ato conjugal, é grave ofensa a Deus, por
desvirtuar o fim primordial desta união, impresso pelo próprio Deus desde a
criação, que é a geração de filhos.'
Entende
a grandeza desse assunto? A vivência da castidade matrimonial implica em saber
viver o dom da sexualidade e estar aberto aos filhos. Não ache que após a troca
de alianças tudo é permitido e que não há necessidade de manter o
relacionamento casto! Não! Esteja atento a exortação feita pelo Arcanjo. Não
queira ser como o cavalo ou o burro... Nesta nova fase, uma das facetas da
castidade é compreender que o outro não se tonou nosso objeto, o conjugue não é
uma fonte inesgotável de prazer. O sexo deve ser doação! Deve ser para tornar o
outro realizado. Sendo vocação, a nossa entrega ao esposo é uma representação
terrestre da nossa entrega ao próprio Deus! É ato sagrado! É ato de vida! Na
vida sexual, a realização do outro é nosso dever. Por isso, vivemos a
sexualidade não para nós, mas para o outro. Nessa entrega está nossa
realização. Doar é verbo eterno no amor!
Mas ao me doar, eu entrego tudo que sou e tenho. E meu marido precisará num ato de amor aceitar esse meu tudo. Ele precisa acolher minhas emoções, fragilidades, desejos, limites, meu corpo... minha fertilidade. Por isso, um casal que se fecha aos filhos (usando métodos contraceptivos, por exemplo) está rejeitando um dom existente no outro. Não se doam por completo e, por isso, não vivem uma castidade real... Para São Josemaria Escrivá, cegar as fontes da vida é um crime contra os dons que Deus concedeu à humanidade e uma manifestação de que a conduta se inspira no egoísmo, não no amor. As relações conjugais são dignas quando são prova de verdadeiro amor e, portanto, estão abertas à fecundidade, aos filhos.
Então teremos filhos a cada 9 meses? Não, meu bem. Deus é tão doce, tão bonito que concedeu ao casal a fertilidade em um curto período mensal. Assim sendo, Ele permitiu que fosse possível a vida sexual nos outros dias e fases sem a geração de um novo filho. Basta que saibam conversar e se conhecer! Conhecendo o corpo feminino, marido e mulher podem conscientemente e prudentemente planejar o espaçamento entre o nascimento dos filhos. Ao conhecer o meu corpo e viver comigo a beleza da castidade, meu marido compreenderá os dias em que a relação não será possível. Mas, é necessário que os dois estejam mergulhados na vontade de Deus, para que a vivência e compreensão disso tudo seja verdadeira e feliz.
Indo um pouco além, Deus concedeu ao homem o dom da medicina que através de estudos nos permite conhecer mais sobre a fisiologia humano, nos proporcionando um método natural de planejamento familiar, baseado no amor e companheirismo: o método Billings!
Quer saber mais sobre ele? Em breve trataremos aqui no blog!
Por hoje, peçamos a Deus a graça de bem viver a castidade em todas as fases da vida.
Que o Arcanjo Rafael venha nos admoestar sempre que ameaçarmos a nos entregar as paixões.
Que assim como Tobias, sejamos obedientes as ordens do céu.
Que São José, pai da castidade, interceda por nós.
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