quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Feminilidade


Ao longo dos anos, a mulher tem lutado para ter seu espaço na sociedade. Muitas destas lutas vieram dos movimentos feministas que assumiram diversas bandeiras no correr da história. A primeira expressão de reivindicações surgiu quase que de forma simultânea na França, no Reino Unido e nos Estados Unidos, entre os séculos XIX e XX, com as “sufragistas”, movimento que defendia o direito de voto das mulheres.
Ainda nesta primeira onda, o feminismo propõe um certo antagonismo ao homem e à sociedade patriarcal. Começa a surgir uma rivalidade entre os sexos, quando a identidade de um passa a ser perigo para o outro. O feminismo começa, então, a assumir uma relação de poder entre os sexos¹.
Somos uma juventude que colhe os frutos amargos do feminismo. A origem desse movimento era positiva: alcançar os direitos da mulher. Qual problema da mulher ser bem remunerada, ter o direito de votar e conquistar seu espaço na sociedade? Nenhum! Afinal homem e mulher têm a mesma dignidade perante Deus, pois ambos foram criados à sua imagem e semelhança.

O problema está na forma como esse movimento foi alcançando tais resultados. Um movimento que poderia construir uma sociedade mais justa e fraterna foi criando uma rivalidade entre o homem e a mulher. A mulher para conquistar seu espaço foi agredindo a dignidade do homem e se agredindo na medida em que ia assumindo uma postura e comportamento contrários a sua missão inicial, em sua criação!²

Desta forma, nos lembra o Cardeal Joseph Ratzinger:

“Qualquer perspectiva que pretenda se propor como luta dos sexos, não passa de uma ilusão e perigo, pois desembocaria em situações de segregação e de competição entre homens e mulheres, promovendo um solipsismo que se nutre de uma falsa concepção da liberdade.”

Hoje em dia as mulheres não se preocupam em ser femininas, e sim feministas. Se uma mulher tem pensamentos diferentes do feminismo e quer viver sua vida dentro dos ensinamentos bíblicos, ela acaba sendo encarada como um ET. A sociedade hoje incentiva a mulher a competir com o homem e a ser independente. Além dos exageros com a imagem e ao incentivo a sensualidade, a sociedade se condicionou a viver em um duelo Homem X Mulher. 

É preciso resgatar, acima de tudo, o valor da mulher como portadora da imagem de Deus (Gn 1, 26) e o papel dela no contexto da criação: ajudar o homem a sair de uma condição da qual era impossível ele sair sozinho – sua solidão existencial.

“O feminismo foi criando na mulher uma autossuficiência, como se ela não precisasse do homem nem para ter filhos; mas nós sabemos que a grande desgraça da autossuficiência é que ela fecha a pessoa para o amor”, diz Emmir Nogueira, formadora geral da Comunidade Shalom.

A feminilidade é uma realidade projetada e criada por Deus - seu dom precioso a toda mulher - e, sob um aspecto diferente, um gracioso presente também para os homens. Nem o homem nem a mulher são suficientes para abrigar, sozinhos, a imagem divina (Gn 1, 27). Os dois juntos, no entanto representam a imagem de Deus. Ao criar a mulher Deus se preocupou em fazê-la especial e complementar ao homem e, para isso, concedeu a ela o dom da feminilidade.

A submissão é o ingrediente da feminilidade. Mas não me venha jogar pedras! Compreenda o sentido dessa submissão... Como noiva, a mulher no casamento abre mão da sua independência, sou convidada a me doar, a não ser mais egoísta, mas a caminhar em dupla. Não tomar mais decisões pautadas apenas nas minhas vontades, mas a pensar no meu par, naquele que um dia eu disse pra mim mesma que era o cara digno de passar o resto dos dias ao meu lado. Sou convidada ainda a acrescentar um sobrenome, a mudar o meu endereço, e, por ultimo no quarto nupcial, abro o meu corpo para o noivo. Como mãe, eu abro mão, no real sentido, da própria vida em beneficio do filho. Não é uma submissão que me desmerece! Não! Eu possuo um valor incrível quando aprendo a desfazer de mim para amar o outro. Foi o que Jesus me ensinou, do alto da cruz...

A feminilidade é receptiva. Ela aceita o que Deus lhe dá, seguindo o exemplo de Maria (Lc 1, 38), e não insistir no que não lhes é dado, repetindo o engano de Eva (Gn 3, 1-6). A missão da mulher é afetar a sociedade por meio da influência da família. Sabe, ser feminina não é apenas o que somos, também é o que fazemos. Nossa identidade feminina vem com uma tarefa singular: mudar o mundo. Mudar o mundo através dos nossos filhos ou daqueles que Deus colocar em nosso caminho. Somos chamadas a educar, a amar, com brandura corrigir, orientar. Passar valores. Mostrar aos que nos cercam com a docilidade que nos é típica os caminhos para uma sociedade justa e caridosa.

Ensina o Papa São João Paulo II: "Quando dizemos que a mulher é aquela que recebe amor para, por sua vez, amar, não entendemos só ou antes de tudo a relação esponsal específica do matrimônio. Entendemos algo mais universal, fundado no próprio fato de ser mulher no conjunto das relações interpessoais, que nas formas mais diversas estruturam a convivência e a colaboração entre as pessoas, homens e mulheres. Neste contexto, amplo e diversificado, a mulher representa um valor particular como pessoa humana e, ao mesmo tempo, como pessoa concreta, pelo fato da sua feminilidade. Isto se refere a todas as mulheres e a cada uma delas, independentemente do contexto cultural em que cada uma se encontra e das suas características espirituais, psíquicas e corporais, como, por exemplo, a idade, a instrução, a saúde, o trabalho, o fato de ser casada ou solteira." (Mulieris Dignitatem, 29)

O desafio da feminilidade é que você seja uma mulher realmente santa. A feminilidade é característica da alma feminina, que faz parte do projeto de Deus. É um tesouro a ser guardado e acalentado a cada dia. 


Que Maria, exemplo maior de mulher, nos ensine a verdadeira feminilidade. Que possamos, como ela, sermos fortes e capazes de mudar a história, com docilidade, brandura e amor infinito.


Texto baseado em:
1 - O feminismo e a luta dos sexos [http://destrave.cancaonova.com/o-feminismo-e-a-luta-dos-sexos/]
2- Você sabe o que é Feminismo? [http://blog.cancaonova.com/revolucaojesus/2012/01/23/voce-sabe-o-que-e-feminismo/]

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